quarta-feira, outubro 17, 2012

Futebol e afins...

Ontem levei o Gonçalo à bola. Fomos ver o Portugal - Irlanda do Norte. Sem grandes expetativas, pensei que iria ver um razoável jogo de futebol, que constituiria um breve momento de catarse, abstração para a grave conjuntura económica, politica e social que atualmente assola o nosso país. Lá diz o ditado que quem morreu a pensar foi o burro. Não morri, mas saí cabisbaixo de um estádio onde já festejei muitas alegrias.

A seleção parecia o nosso executivo governamental. Sem norte, sem garra, sem ambição, com desprezo pelos 48711 adeptos que, não obstante as adversas condições climatéricas, se deslocaram ao estádio para aplaudir, sorrir, festejar…

Qual pacóvio de Boliqueime, também Paulo Bento errou no momento das substituições. Tardaram. O discurso patético, repetido vezes sem conta, insistindo no ponto que não temos nada a provar tem o efeito que se previa, um ponto em dois jogos. Os anémicos representantes da pátria deixaram no Dragão uma péssima imagem da nossa capacidade combativa e atiraram para os playoffs(?) a decisão de apuramento, que parecia, à partida, um objetivo facilmente atingível.

O fado português é fazer contas. Curiosamente, os resultados obtidos pelos estudantes portugueses nas provas de matemática não revelam particular aptidão para números! Na política, no futebol, nas restantes atividades em geral, somos incapazes de planear os momentos ou as tarefas sem recurso a contas habilidosas ou justificações de última hora, “se a Rússia perder um jogo…”, “Se Ângela Merkel facilitar a meta do deficit…”, “se o Ronaldo estiver inspirado…”, “se o Paulo Portas alinhar na coligação…”. É tudo triste. É tudo lamentável. É tudo quase inacreditável.

Ainda sobre o jogo, depois da troca de um cachecol com um simpático adepto da Irlanda Norte, estava reservada a surpresa final. A cereja no topo do bolo. Por razões que desconheço, mas a todos os níveis injustificáveis, estivemos 1:30 (uma hora e trinta minutos) à espera de um metro que nos levasse da Estação do Estádio do Dragão à Estação de Campanhã. A qualidade de serviço destas empresas públicas, que sujeitam os seus clientes a longas filas de desespero, sem resposta razoável às justas interpelações de quem espera, são típicas de um país de 3.º mundo, que, por muito que me custe afirmar, é o nosso.